domingo, 20 de março de 2011

Thoughts

 

 

Memórias

A memória é um fragmento,
a sua especiaria é o tormento.
O tempo é o seu nevoeiro
num barco sem barqueiro

O subconsciente é um parapeito,
de memórias sem morte
de fantasmas sem sorte,
assombram com um apertar no peito.

Endoidece lentamente o preso são,
que a certas memórias diz não.
Um recordar que não é viver,
que do esquecer quer nascer!
p.s - "Como era frequente nos poetas gregos, Homero é imitado por Sofócles, que utiliza aqui os motivos da despedida, de Heitor e sua esposa Andrómoca, diante do filho Astíanax (Ilíada, livro VI). O leitor curioso pode verificar que a imitação é fiel. Trata-se de um lugar comum." - Notas: Sofócles em Ajax - Antígona - Rei Édipo; Livros RTP
Jovem estás em apuros, convoca os gregos!

18
Hoje a Lua estava grande e gira.
Fui ver o Sporting com o leiria.

Puta que pariu a lua... e o Helder Postiga!

ps. Ao que a parece a Lua torna-se "maior" de dezoito em dezoito anos, o Sporting tem um ciclo parecido em matéria de campeonatos.


Uma temporada no inferno





DELÍRIOS
II

ALQUIMIA DO VERBO


Minha. A história de uma das minhas loucuras. Há muito que me vangloriava de possuir todas as paisagens possíveis, e achava dignas de escárnio as celebridades da pintura e da poesia moderna.
Apreciava as pinturas idiotas, guarnições de gravuras populares; a literatura fora de moda, latim de igreja, livros eróticos com erros ortográficos, romances das nossas avós, contos de fadas, livrinhos de infância, velhas óperas, refrões simplórios, ritmos ingénuos.
Sonhava cruzadas, viagens de descobertas cujo registo não se fez, repúblicas sem histórias, guerras de religião abafadas, revoluções de costumes, deslocações de povos e de continentes: acreditava em todos os encantos.
Inventei a cor dos vogais!
- A preto, E branco, I vermelho, O Azul, U verde. -
Determinei regras para a forma e movimento de cada consoante, e, com ritmos instintivos, gabei-me de ter inventado um verbo poético acessível, mais dia menos dia, a todos os sentidos. Reservava para mim a tradução. Inicialmente foi um ensaio. Escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens.

      ___________


Longe das aves, dos rebanhos, das camponesas,
Que bebia eu, ajoelhado neste brejo
com tenros lenhos de aveleira em redor,
Numa névoa de tarde morna e verde?

Que poderia eu beber nesta Oise tão recente,
- Ulmeiros sem voz, relva sem flores, céu coberto! -
Beber a essas cabaças amarelas,
de minha cabana ausente
Querida? Algum licor de ouro que faça transpirar.

Enganador letreiro, de estalagem me parecia
- Uma tormenta castigou o céu. Ao anoitecer
A água dos bosques entre areias virgens se perdia,
O vento de deus lançava gelo nos charcos;

Chorando, eu via ouro - e não pude beber.-