Medo
Rapariga da língua linguaruda
com a sua língua afiada
cortava o tronco da piça
engolindo até a goela a cabeça
que ela ingénua e noviça
antes pensava que era uma nabiça.
Mais uma que caiu na sua peça.
De raparigas vazias
era preenchido o seu bazar
uma panóplia desinteressante.
O rapaz astuto e sagaz
escolhia-as pelo seu ar.
Estúpidas eram as suas cotovias,
para alimentar a libido ofegante.
Gostava de ver os rostos enrugados
da inocente incompreensão,
passar para faces suadas
de pérfida satisfação.
Adorava no final vê-las desengonçadas,
desamparadas na cama mordaz.
Meio adormecido, Solitário partia para outros lados.
Na rua acendia mais um cigarro
olhava para o fumo a desvanecer
na fria noite que o abraçava.
Enregelado pensava:
"Mais uma que aprendeu a sua lição
de brasa vais-te transformar num tição,
sem o meu fogo para te aquecer.
Que a desilusão refine o carvão para diamante.!"
No café de esquina, procurava a sua amante
e um amigo para fumar o próximo charro.
Um café com duas personalidades distintas
As faces apontavam para ruas diferentes,
é um portal para duas realidades.
Uma bipolar desordem,
onde ele procurava alguma ordem.
Numa entrada estavam os sabichões
das vizinhas instituições ditas culturais.
Amontoavam-se aos tropeções
como botões encaixavam-se nas cadeiras.
Discutiam, praguejavam,
mas nunca avançavam.
Há muito tempo que estão presos aos gregos.
p.s - aulas, não deixam mais continuar.
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