sexta-feira, 7 de maio de 2010

Thoughts

Pensamentos Fartos
Uma coisa é ser timido outra é ser cobarde.
homens pequenos orgulham-se de actos pequenos
eu fui um erro de casting
o verdadeiro estudante universitário é auto didacta
a inércia e conformismo é o poder dos ditadores
queixumes fazem os cobardes, acções fazem os heróis
heróis morrem rapidamente cobardes vivem amaldiçoados eternamente
no queixume mesquinho estão unidos, no agir é cada um por si
já não é uma luta minha 
é uma causa perdida

Qual foi o dia em que olhei para o espelho e disse:
Estou a ficar velho
Por favor hoje não
porque é que acordei
espero que não apareça
nem me quero ver
olhos estão cada vez mais fundos

Farto de; "nunca mais..."

farto do nunca mais faço
a vida pode parecer-te impossível de dobrar.
Nunca viste homens capazes de dobrar aço?!

farto do nunca mais lá chego
a vida é uma encruzilhada de caminhos
cabe a ti encontrar neles o seu aconchego.

farto do nunca mais isto anda para frente
Uma vez li que um louco lutava contra moinhos! 
Para avançar é preciso acreditar no que parece demente.

farto do nunca mais chega a minha vez
liberta-te do velho do Restelo e continua a sonhar
não o deixes esfolar a tua verdadeira tez.

farto do nunca mais faço algo certo
nasceste do milagre que é o parto
a partir daí, fazes tu o teu próprio concerto

farto de dizer que estou farto!


Mais uma dobra: Coração das trevas - Joseph Conrad

"...Era impossível - nem sequer bom tentar imaginá-lo. Ocupara um elevado lugar entre os demónios daquela terra - no sentido literal. Mas vocês não podem compreendê-lo. Acham que podem? - com um terreno sólido debaixo dos pés, rodeados por vizinhos amáveis que estam dispostos a aplaudir-vos ou a cair-vos em cima, a andarem comodamente do talho até a polícia no terror sagrado do escândalo, da autoridade e dos manicómios - como podem vocês imaginar que especial região de infância do mundo era aquela, e até que ponto os pés à solta de um homem podem levá-lo na via da solidão - solidão absoluta, sem polícias - na via do silêncio - silêncio absoluto, onde nenhuma preventiva voz de vizinho amável nos faz eco da opinião pública? Pequenas coisas que marcam grandes diferenças. Quando desaparecem, obrigam-nos a cair fundo na nossa própria e inata virtude, na nossa capacidade de ser fiéis. Claro está que uma pessoa pode ser tão louca que se arrisque a ser extraviada - e mesmo tão estúpida que não veja como é dominada pelas forças da treva. Admito que nunca tenha havido um doido capaz de vender a alma ao diabo: ou o doido não é bastante doido, ou o diabo bastante diabo - qual das coisas não sei. Ou pode uma pessoa andar tão ofuscada de exaltação que fica surda e cega ao que não forem suspiros e vozes celestiais. Começa a terra a não ser mais do que um lugar de passagem - e se isto é prejuízo ou lucro, não pretendo dize-lo. Com a maior parte das pessoas não é uma coisa nem outra. Para nós a terra é um lugar onde se vive, onde há que suportar visões, ruídos, odores também, valha-me Júpiter! - respirar carnes podres de hipopótamo sem ficarmos contaminados. E agora - não sei se vêem - é que entra em jogo a força pessoal, a fé na nossa habilidade para abrir disfarçadamente covas onde se enterram coisas - a dedicação não digo a nós próprios mas a uma tarefa árdua e obscura. O que é bastante difícil. Note-se que não tento desculpar, ou mesmo explicar - apenas tento prestar contas a mim próprio por causa - por causa - do Sr. Kurtz - por causa da sombra do Sr. Kurtz. 
 

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