Inspira e expira o sentir
O que fazer quando a mente está vazia?
Inspiro, expiro e não surge o espirro
para dar o abanão a esta obstinação,
que teima em esconder a inspiração.
Sento, escrevo mas ela nada cria
minto, inventa este suspiro,
já por mim repetido noutros versos.
O problema está na indiferença
uma indiferença que em nada pensa.
E o resultado é este poema entupido
constipado de emoções.
Não me preocupo, ela terá as suas razões
está assimilar o que ando a fazer
para mais tarde escrever:
o que é, não o que será ou talvez seja o que é sentir!
Não vou parar por a Astarte ter sido enterrada -
não é significado da arte estar assassinada.
E altura de acalmar, noutro ramo poisar
e acalmar esta sensação de ter o tempo a fugir.
O desenho do pensamento vou começar a esboçar,
sem olhar para o tiquetear dos ponteiros vaidosos
por nunca se tornarem idosos.
Atchim!
Aproveito e vou buscar algo que escrevi há uns meses, quando ainda não estava esgotado:
Inspiração
Passei o dia tudo à procura da aurora
trazida pela gloriosa inspiração.
Passou o dia inteiro a fugir-me da mão,
Tão rápido aparecia como ia embora.
Ai queres brincar comigo,
eu que sempre te dei abrigo.
Vou fingir que não me importo
pode ser que assim atraques no porto.
Comecei por fazer tarefas banais,
para me distrair montei um móvel estante
a aparafusar e colar as madeiras verticais e horizontais.
Ela traquina, escondida continuava estanque.
Reguila, sussurrava umas palavras
eu feito velhaco não lhe ligava
a ver se a irritava e a apanhava
e triufante gritar - "Já eras"
Mas ela macaca pelos meus dedos escapulia
fiquei desesperado e já nada fazia,
o meu plano ordinário não funcionou
e este homem esguio ela derrotou.
Quem eu queria enganar
homens na vida são de curta perna,
quanto ela será sempre eterna
e escolherá sempre quem quer agradar.
Enriquece as palavras dos pobres escritores,
enobrece a visão dos cegos pintores,
e alimenta de melodias o esfomeado trovador
a todos eles agracia com o seu amor.
É a alma de um artista,
é a nobreza de qualquer ser,
sem ela nada ele conquista.
É o artefacto mais precioso que se pode ter.
A ti musa que abandonaste o meu coração
dedico-te estas secas frases,
no intento de afogares-me novamente de paixão
e vivermos de novo inspiradas fases.
Sem comentários:
Enviar um comentário