"I have no dream...."
- Telemóvel, telemóvel, onde é que eu pus a merda do telemóvel. Atrás do Portátil, não, talvez debaixo das minhas folhas dobradas, também não. Vá concentra-te no som. Ok, estou na divisão certa, claro só pode estar na mala.
Estouuuu. Era o Luís, queria saber se eu sempre ia ao festival ou não, expliquei-lhe a minha actual situação que tinha de arranjar disponibilidade laboral e financeira. Ah, sobre os sub-tópicos abordados nesta conversa telefónica:
- Convencer-me ir ao festival: "Pá vais gastar o dinheiro em saídas no Bairro Alto, mais vale ires ao festival" - ao que eu respondi. Isso sei eu Bairro está lá o ano inteiro à minha espera, festival é só uma vez por ano.
- Apelar à minha condição masculina: "Aquilo vai estar cheio de gajas, mas tem cuidado com o cheiro a bacalhau" - claro que tive de responder à macho. Isso não me deve importar, quando chegar essa altura já devo estar bastante alcoolizado.
A laboral era a que menos me estava a preocupar. Afinal podia trocar e baltrocar dias de forma a conseguir os dias necessários, ou então inventar uma doença tropical. Uma doença que tivesse como consequências um mal-estar, que não me deixou dormir nem comer nestes últimos dias.
– Que como podem ver deixou-me nesta figura, que aqui está na vossa frente, um cansado cabide de rosto pesado das olheiras negras e fundas e corpo completamente seco.
- Hmm...
- Sabem, umas das particularidades desta doença é causar uma pigmentação muito similar à causada pela exposição ao sol. Os médicos suspeitam das bananas importadas que tenho ingerido ultimamente.
Discurso ensaiado, com um bocado de sorte até podia ser que me enviassem para casa quando esperava que a inspecção geral de saúde fosse lá a casa e me levassem para um daqueles institutos modernos com piscina e tudo, com o objectivo de efectuar uma panóplia de testes no meu corpo enfermo.
Quanto à disponibilidade financeira, vários esquemas esbarram na minha linha de pensamento. Decidi adoptar o seguinte esquema: Venda na internet de esperma de cavalos premiados. Sim, claro que não tenho uma coudelaria ou porventura conheço alguém que trabalhe numa.
O passo essencial para a concretização do plano é a construção do site, no site vão estar expostos vários conteúdos. Os contéudos visuais, as fotos e vídeos, são tiradas de um acampamento de ciganos. O aspecto das pilecas não constitui grande problema, graças as novas tecnologias de edição e montagem, que permite “branquear os dentes” do cavalo mais decadente à face da terra.
Uma funcionalidade chave do site é a possibilidade de ver o garanhão a cavalgar incessantemente na égua, esta zona ia estar o mais saturada possível de publicidade, afinal aposto que esta seria uma das zonas mais visitadas do site. Além do mais o consumidor habitual de pornografia já está habituado a ser bombardeado com publicidade. A publicidade exposta não é sobre outros sites porno ou stands automóveis, mas sim a vitaminas e outros suplementos para cavalos; ao colocar os anúncios no AddWords algumas das palavras-chave escolhidas são: suplementos e suplementos ginásio. Com esta medida vou obter mais uma fonte de rendimento, proporcionada pelos seres humanos que frequentam ginásios e tomam vitaminas de cavalo.
Criar nomes para os meus garanhões, qualquer coisa que soe a grego e associar prémios de competições inventadas. Claro que existiria fotos tiradas deste evento, desde aos prémios ganhos até às botas utilizadas pelo jóquei que ganhou a competição.
Tinha que gastar algum dinheiro nas novas ferramentas de comunicação como o addwords e facebook, versão em português e inglês, porque o meu mercado ia ser o mercado brasileiro e norte americano. "Não há garanhão melhor que o Azalão", "No better Stallion than Azalion".
Quanto ao método de recolha, contrataria uns jovens do leste para fazerem o trabalho sujo. Aposto que no final até ia haver clientes que iriam recomendar o esperma do Azalão para as éguas de alguns amigos e sei falar dos amigos dos outros cavalões.
Acho que vou enviar uma mensagem a confirmar a minha presença.
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