domingo, 17 de abril de 2011

Thoughts

Centro de desemprego by Panóplia Ofegante

Emprego

Dois dias seguidos a acordar cedo,
A acertar a a barba por ter medo
De não ter a aparência correcta
Uma ansiedade que curva a linha recta


A barba assume um feitio horrível
As unhas um corte dorido
O cabelo é alinhado por um pente ferido
O fato completa a aparência de incrível


(não ligar aos sapatos, numa entrevista ninguém põe os olhos no chão)


O já incrível, encarrega-se de alimentar expectativas
O aspirante a incrível, começa-as a aspirar
A recta aponta para cima, licença para sonhar
O aspirante começa a sentir o sonho nas papilas gustativas


(olho para o tecto a imaginar os meus novos sapatos)


O dinheiro dizem traz tranquilidade,
Por sua vez tranquilidade traz felicidade.
A honestidade perdeu a batalha com a tranquilidade
Agora a felicidade rima em perfeição com falsidade


(se ao menos tivesse uns sapatos novos para poder olhar para o chão)


E se arranjar trabalho como criativo?!
Capitalistas disfarçados de porreiros
Ao menos da aparência não fazem crivo
Mas são uns ambiciosos desordeiros!


(calço os meus allstars, estão apertados, já não tenho idade para isso!)






Testes com bolinhas!
Testes com perguntinhas!
E eu com o carro mal estacionado
Numa rua à espera de ser rebocado.


Acho que estou mal vestido,
Com uma impressão a assombrar-me:
Que tempo muito mal perdido.
É a vida, a sociedade, o trabalho a cobrar-me.


Hmm, se calhar no final da entrevista
Dou o poema À senhora inquisidora.
Não é um gesto demasiado altruísta,
A ter com uma torturadora.


                            

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