quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Thoughts

Dobra

"(...) ,transmitida pela tradição, com a pergunta acerca da sua composição, feita apenas de seres baixos e servis e mesmo, numa primeira fase, apenas de sátiros com formas de bode, enquanto que a orquestra diante da cena permanecera para nós um enigma, chegámos agora ao ponto de entender que a cena, juntamente com a acção, foi no fundo e na origem pensada apenas como visão e que a única «realidade» é justamente o coro, que produz a visão a partir de si próprio, dela falando com todo o simbolismo da dança, do som e da palavra. Esse coro contempla, na sua visão, o seu senhor e mestre Dioniso, sendo por isso o coro que serve eternamente: ele vê como este deus sofre e se glorifica, não agindo por isso ele próprio. Nesta posição, e embora servido o seu deus, ele é porém a expressão mais elevada, nomeadamente dionisíaca, da natureza, declamando por isso, no seu entusiamo, sentença de oráculo e máximas; na sua compaixão, ele evidencia em simultâneo uma sabedoria que o leva a proclamar a verdade a partir do coração do mundo. Surge assim então aquela figura fantástica aparentemente tão chocante, do sábio e entusiástico sátiro, que é em simultâneo «o homem rude» por oposição ao deus: reprodução da natureza e dos seus impulsos mais fortes, símbolo da mesma e em simultâneo arauto da sua sabedoria e arte: músico, poeta dançarino, visionário numa pessoa só. (...) " 
Nietzsche in O Nascimento da Tragédia

Coros dionisíacos com manifestações apolíneas, satirizam de forma inconsciente a cultura popular. O nascimento do ridículo:






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