As suas mãos como algas tocam as ondas do piano. Ao ouvir-te, levas-me a crer que mais nenhuma alma tocaste assim.
A única pessoa que verdadeiramente amas é o som do piano. Amas o piano, por ser uma extensão de ti própria. É nele que entregas o teu verdadeiro eu, ris, choras, enfureceste-te é o teu eterno confessor o único que realmente te compreende.
Uma enchente de homens prostrados aos teus pés deves ter tido, enfeitiçados pelo teu génio e beleza, uns invejosos queriam ter algum génio possuindo-te, outros verdadeiros apreciadores da vida queriam partilhar o resto da sua efémera existência ao lado de uma deusa grega com traços latinos.
O teu olhar seco chora gotas de melancolia; A raridade do teu sorriso tem ares de inocência, ares que envenenam a rigidez habitual do rosto. É a beleza da ironia; O teu nariz tem a nobreza de uma águia real as sobrancelhas grossas são as suas asas, com elas sobrevoa as planícies brancas do teu rosto. Nos teus lábios existe a perfeição da dualidade, o lábio superior é delgado e delicado para gentilmente ser acariciado, o lábio inferior é carnudo para poder ser vorazmente mordiscasdo. O cabelo longo escuro, brilha quando incendiado pelas luzes do palco.
Na cama deixaste-te guiar, queres ser o piano, queres deixar-te ir pelo pulsar dos toques e gritares a sinfonia do prazer. Na esperança de encontrares nesses momentos a mesma entrega o mesmo amor que tu dedicas a tua canção.
Sofres da sina, que sempre atormentou os verdadeiros génios, pessoas narcisistas que amam o seu trabalho até ao ponto de o odiar.
Esta é a Marta que eu idealizo, não é quem ela verdadeiramente é para as outras pessoas e provavelmente para ela própria, mas não deixa de ser uma Marta verdadeira construída na minha cabeça e para sempre se manterá assim, pela falta de contacto real ou então por o ideal cegar os meus olhos e eu não conseguir ver quem verdadeiramente ela é.
Num mundo com cada vez menos ideais, entristece-me profundamente cada vez que um ideal meu é esmagado, especialmente se for pelo próprio pisar das suas acções.
Os ideais são falsos, por isso é que são ideais!

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