quinta-feira, 24 de junho de 2010

Disorder!!!

Velho triste,
viveste a adolescência,
sempre de punho em riste.
Lutaste pelos teus ideais,
até descobrires que é tudo uma flatulência:
Uma birra de adultas crianças 
Uma luta para encher panças
«Basta, nunca mais!»
Erro crasso, 
perder o entusiasmo...

Thoughts Más batallas se ganaron con una sonrisa que con una espada.


Tentar deixar o tempo passar de uma forma agradável:

Música



Fotografia:
















La Mujer de Picasso (Uma mulher com uma força inspiradora):




Que melhor maneira para melhorar o meu espanhol "Las Once mil Vergas":


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Thoughts

Ambição
Sou um ser ambicioso,
guloso por devorar este mundo
e construir a minha cabana.


Visão
Conheci um ser de beleza tal:
Um ser que os deuses veneram
Um ser que torna a guerra honrosa
Um ser que faz os poetas sonhar
Um ser de beleza tal...
que só o silêncio é digno de a elogiar!

Superficialidades
Existem várias superficialidades,
mas para elas se tornarem
superficialidades é preciso
vive-las não basta pensar que são,
porque esse pensar 
em amargura se vai transformar.
Por nunca as ter sentido
ou pelo menos ter tido 
a oportunidade
de as rejeitar.


Retornar
Já não olho para:
as minhas mãos
os meus dedos
as minhas unhas e 
as suas manchas brancas.
Cada mancha segundo 
a sabedoria da criança
representa um amor.
Em criança,
exibia orgulhoso,
as pintas 
os meus amores desconhecidos.

Olho já adulto para:
as minhas mãos
«estão calejadas»
os meus dedos 
«longos e toscos»
as minhas unhas
«ainda tenho uma macha»


Apesar do tempo ter envelhecido
o meu corpo e forma de pensar
A eterna criança olha para a mancha
sorri e deseja um dia 
conhecer o seu único amor.


Carlos Oliveira - Pequenos poementos


p.s - com nome e obra torna as coisas mais profissionais, dá outro aspecto, um certo requinte diria ou será que são apenas superficialidades.

Bipole!!!

Disorder!!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Thoughts

José Saramago morreu:

Por enquanto não me apetece escrever, vou publicando as mortes e nascimentos de escritores portugueses, coisas que interessam muito ao mundo dos vivos.
«Ah nunca mais vai haver alguém assim», isso são tretas vai haver mais Saramagos, Pessoas, Camões. O problema está na maior parte das pessoas não desenvolverem o seu espírito critico deixam-se levar pelo comodismo, numa aparente facilidade de viver. 
Sim acredito que um homem do lixo, o meu vizinho, um colega da faculdade ou do trabalho, pode ser um "Saramago" para isso basta apenas começar a questionar e escrever. O estilo? Opá não me fodam com o estilo!
Mas digo-vos a tarefa esta cada vez mais difícil, não vejo aparecer assim tão rápido um Saramago, porque não confio nesta geração sem identidade e quem não tem identidade não questiona nem inventa Baltasar Sete Sois e Blimunda Sete Luas. 
Conclusão: Não é fácil aparecer um Saramago, mas não é impossível, basta os homens e mulheres do lixo começarem a escrever.
 Até uma próxima Saramago!     
 

Poema à boca fechada 
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,

Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:

Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,

Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,

Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo
.

 
Fala do Velho do Restelo ao Astronauta 
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, à boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
 
Retrato do poeta quando jovem
Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.

Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.
 
JOSÉ SARAMAGO Os poemas possíveis

domingo, 13 de junho de 2010

Disorder!!!

 
I fall in love too easily
I fall in love too fast
I fall in love too terribly hard
For love to ever last
My heart should be well schooled
Cause I've been fooled in the past
But still I fall in love so easily
I fall in love too fast
My heart should be well schooled
Cause I've been fooled in the past
But still I fall in love so easily
I fall in love too fast...

Thoughts

Fernando Pessoa nasceu hoje:


Autopsicografia




Dactilografia

Traço sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,
Firmo o projecto, aqui isolado,
Remoto até de quem eu sou.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tic-tac estalado das máquinas de escrever.
Que náusea da vida!
Que abjecção esta regularidade!
Que sono este ser assim!

Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavaleiros
(Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),
Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,
Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,
Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.

Outrora.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tic-tac estalado das máquinas de escrever.

Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
Neste momento, pela náusea, vivo na outra...

Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro.
Ergue a voz o tic-tac estalado das máquinas de escrever.

19/12/1933 (publicado na Presença, nº 1, 2ª série, Novembro de 1939)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Thoughts

To You by Walt Whitman
(1819-1892)






Whoever you are, I fear you are walking the walks of dreams,
I fear these supposed realities are to melt from under your feet and hands,
Even now your features, joys, speech, house, trade, manners,
troubles, follies, costume, crimes, dissipate away from you,
Your true soul and body appear before me.
They stand forth out of affairs, out of commerce, shops, work,
farms, clothes, the house, buying, selling, eating, drinking,
suffering, dying.

Whoever you are, now I place my hand upon you, that you be my poem,
I whisper with my lips close to your ear.
I have loved many women and men, but I love none better than you.
O I have been dilatory and dumb,
I should have made my way straight to you long ago,
I should have blabb'd nothing but you, I should have chanted nothing
but you.
I will leave all and come and make the hymns of you,
None has understood you, but I understand you,
None has done justice to you, you have not done justice to yourself,
None but has found you imperfect, I only find no imperfection in you,
None but would subordinate you, I only am he who will never consent
to subordinate you,
I only am he who places over you no master, owner, better, God,
beyond what waits intrinsically in yourself.
Painters have painted their swarming groups and the centre-figure of all,
From the head of the centre-figure spreading a nimbus of gold-color'd light,
But I paint myriads of heads, but paint no head without its nimbus
of gold-color'd light,
From my hand from the brain of every man and woman it streams,
effulgently flowing forever.
O I could sing such grandeurs and glories about you!
You have not known what you are, you have slumber'd upon yourself
all your life,
Your eyelids have been the same as closed most of the time,
What you have done returns already in mockeries,
(Your thrift, knowledge, prayers, if they do not return in
mockeries, what is their return?)
The mockeries are not you,
Underneath them and within them I see you lurk,
I pursue you where none else has pursued you,
Silence, the desk, the flippant expression, the night, the
accustom'd routine, if these conceal you from others or from
yourself, they do not conceal you from me,
The shaved face, the unsteady eye, the impure complexion, if these
balk others they do not balk me,
The pert apparel, the deform'd attitude, drunkenness, greed,
premature death, all these I part aside.
There is no endowment in man or woman that is not tallied in you,
There is no virtue, no beauty in man or woman, but as good is in you,
No pluck, no endurance in others, but as good is in you,
No pleasure waiting for others, but an equal pleasure waits for you.
As for me, I give nothing to any one except I give the like carefully
to you,
I sing the songs of the glory of none, not God, sooner than I sing
the songs of the glory of you.
Whoever you are! claim your own at any hazard!
These shows of the East and West are tame compared to you,
These immense meadows, these interminable rivers, you are immense
and interminable as they,
These furies, elements, storms, motions of Nature, throes of apparent
dissolution, you are he or she who is master or mistress over them,
Master or mistress in your own right over Nature, elements, pain,
passion, dissolution.
The hopples fall from your ankles, you find an unfailing sufficiency,
Old or young, male or female, rude, low, rejected by the rest,
whatever you are promulges itself,
Through birth, life, death, burial, the means are provided, nothing
is scanted,
Through angers, losses, ambition, ignorance, ennui, what you are
picks its way.



«NO RULES GREAT POEM»

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Thoughts

Tristeza
Esquece o meu ser: 
Esquece quem fui, quem sou e quem serei!
Sou um nada no meio de nadas num mundo que é um todo.
Todos os dias, desejas que seja esta a minha filosofia. 

Esquece que eu existo coração de xisto:
Já me resta pouco giz com que colorir a negra paisagem,
sempre indeciso no momento de cobrir a tua passagem
por ter medo e ser avarento o teu manto demasiadas vezes eu visto.

Esquece a minha voz:
Não a sufoques mais no teu suor melancólico ser atroz!
Não me deixes sozinho com o meu silêncio!
A indiferença faz-me achar o mundo fictício.

A tristeza vai e vêm
afoga os que já não tem força para lutar,
alguns ficam a flutuar 
à espera da morte, julgam eles ser a sua sorte
de uma vida sem norte.
Eu já me precavi de tanta tristeza que já vi
e umas bóias eu adquiri.
Soprei nelas os versos que agora escrevi
e vamos ver quem ri
quando a próxima maré vier.


Já construí um barco: