Pânico!!!!
Não sei da minha moleskin, fiquei aterrorizado com a possibilidade de ter apontamentos de 2 meses para sempre perdidos. Apavora-me a ideia de ter os apontamentos numa gaveta à espera que alguém os deite para o lixo.
E agora o que vou fazer?! Esperar até amanha para ter a certeza? Impossível! Já sei vou à procura das minhas folhas dobradas.
Depois de as ler fiquei mais tranquilo, afinal elas também estavam aqui esquecidas - que ser vil eu sou - ganho forças, relembro-me que o velho chia e a criança cria e claro armazeno os apontamentos nos formatos todos possíveis. Por isso aqui lanço para o espaço digital alguns. A distância amorosa:
Ser apaixonado e complicado
Por vezes dou por mim a ser assombrado,
Assombrado por uma escondida presença
Que a minha ferida mente aumenta
Com mais potência do que qualquer
Lupa alguma vez construída pelo homem.
Corro, corro, para dela tentar fugir!
Mas não consigo,
Quanto mais tento correr
Mais fortemente ela me persegue.
A culpa é minha,
Não a culpa é dela.
Eu devia ter feito!
Eu devia não ter feito!
Porque é que eu leio reacções,
e invento emoções!
Tenho a noção que estou a ser morto
Lentamente pelo abraço enregelado
Da sua sombra inexistente.
Sofro mais ainda por por perceber
A estupidez que toda esta situação é.
(A minha espada já não trina
Os meus olhos já não brilham)
Ser apaixonado imaginado
Já tive mil e um amores,
Desde estrelas de renome mundial,
À miúda mais bonita do autocarro,
À colega da carteira da frente,
À amiga que conheci nas férias
À bela da minha vizinha.
Com elas percorri o mundo,
Discuti para depois fazer as pazes.
Com elas vivi aventuras do príncipe
E donzela em apuros.
Vivi todas as histórias que um
Coração em chamas vive.
Um moral que é sempre o mesmo,
Mas a história é sempre diferente.
A distância é um mau habito para se vestir.
Tudo porque o amor é construído e solidificado com a convivência. Com ela aprendemos a conviver e a gostar dos defeitos da outra parte. Se por alguma razão as duas partes se separam fisicamente durante um período, até a saudade passar a ser um hábito, até passar a ser uma cruel fogueira de esquecimento.
Quando isso acontece, esquece-se do quanto antes se achava piada ao seu sorriso de queixo longo, à forma como um só olho ficava preguiçoso depois do sexo, esquecemos o sentido de protecção que se transmitia e se recebia da outra parte.
No reencontro, repara-se no quão é irritante as suas novas expressões que utiliza ao falar, acha-se ridículo os seus novos maneirismos gestuais. Como se acha mais interessante a pessoa nova com quem se convive agora, e acha-se tão desinteressante a velha paixão.
A distância é o gelo da paixão, mas não se esqueçam que convivência em excesso também queima qualquer amor.
As dobras nas páginas dos outros:
Romeu. - Sim! Porque será que, tendo o amor os olhos vendados, descobre mesmo cego, os caminhos que a sua vontade deseja? - Onde iremos jantar? - Ai de mim! - O que é que houve aqui há pouco? Não me digas, porque já soube tudo. - Muito dá o ódio que fazer, mas ainda mais dá o amor. Oh, amor turbulento! Oh, ódio de amor! Oh, coisa misteriosa que do nada vem! Oh, pesada leveza, vaidade séria, caos informe de formas sedutoras, pena de chumbo, fumo resplandecente, fogo gelado, saúde doentia, sono em perpétua vigília que nunca é o que é! - Tal é o amor que sinto, sem sentir em tal amor amor algum. E tu não te ris?
Benvólio. - Não, primo, antes choro.
Romeu. - Querido amigo! E porquê?
Benvólio. - Pela opressão do teu bom coração.
Romeu. - Que queres? São assim as crueldades do amor! Os meus próprios pesares dilatam o meu peito, e tu fá-lo-ias transbordar se lhe acrescentares os teus. Essa afeição que me mostraste vem juntar mais dor ainda ao excesso da minha. O amor é fumo feito de hálito de suspiros; se o alimentam, é fogo cintilante nos olhos dos amantes; se o contrariam, é um mar feito de lágrimas. E que mais é? Discretíssima loucura, fel que amarga e mel que sustenta. Adeus primo. (Faz menção de sair).
p.s - William espero que não te importes nestes tempos as coisas funcionam assim.
É preciso humor no amor.
Orgulho no desalinho.
Nos trilhos já montados
a minha carruagem não
If you don't know what being good means, how can you be so certain about the meaning of being evil.